domingo, 13 de setembro de 2009

Do que trata a linguística afinal? – José Borges

Breves tópicos do capitulo 2 de seu livro intitulado como : “ Ensaios de Filosofia da Linguística”.

O objeto da lingüística se constitui a partir do momento em que é colocado outro ponto de vista sobre a mesma, do qual pode ser acrescentada qualquer perspectiva, seja ela fonética, política, discursiva...

Toda teoria se delimita em certa “região” da realidade como sendo seu objeto de estudo.

-Objeto observacional: em uma teoria, é a principio, uma “região” em que a teoria focaliza sua atenção, constituindo um conjunto de fenômenos observáveis. As delimitações desses objetos não são próprias da realidade que diz como deve ser, mas são delimitadas pelo observacional, ou seja, resultando de trabalho humano sobre a realidade, sendo em um primeiro momento uma teorização.

-Objeto teórico: se constrói a partir da escolha das entidades básicas, do objetivo geral do estudo e do nível de adequação pretendido, ou seja, é como se o cientista enxergasse a diversidade observacional, vendo apenas o que lhe é permitido ver, e se o ponto principal estiver ali, tudo bem, se estiver paciência.

Teorias diferentes podem construir objetos teóricos diferentes sobre um objeto observacional.

A gramática gerativa vai se ocupar apenas do conjunto de regras e de princípios que permitem que os falantes gerem sentenças, ou seja, se preocupa apenas com a estrutura superficial do enunciado.

Embora o objeto observacional seja, a principio, o mesmo para todas teorias, os objetos teóricos são bem distintos. Há diversas teorias em que, enquanto uma se concentra no enunciado procurando identificar a estrutura nele subjacente, outras teorias visam o enunciado como atividade comunicativa.

A presença de entidades teóricas nessas teorias coloca para a epistemologia o problema de definição da natureza dessas entidades, esta geralmente chamada de problema ontológico. Existem três soluções para esse problemas na filosofia medieval, são eles: a solução nominalista, conceptualista e realista (também chamada de platônica); tratam as questões universais, onde procuram saber a que corresponde o significado de nomes comuns, discutindo se nomeavam algo real ou se existia o universal desse nome.

- Para os nominalistas só existiam “os homens” como indivíduos particulares, embora o termo “homem” designasse o conjunto dos homens não correspondia a nada do mundo real, era apenas um nome.

- Para os conceptualistas é adimitido a idéia dos universais na mente das pessoas, pois além das “ cadeiras” particulares existe uma idéia universal de cadeira, existente não apenas no mundo mas na mente de cada pessoa.

- Para os realistas ou platônicos é considerado que apenas os universais tem existencia. Uma cadeira particular só tem existencia a partir do momento em que “participa” de um universal, nada existe a não ser como manifestação de um universal.

Hjelmslev, Saussure, Chomsky e Sapir se distanciaram do nominalismo ao mesmo tempo em que admitiam por um lado a realidade de estruturas de várias ordens, e por outro lado a realidade de estruturas não definiveis em termos de conjuntos de dados, independente da ordem que forem.

Para explicar a diversidade e a desigualdade entre as as línguas, os filósofos linguistas se colocam a especular a sobre origem e evolução da língua, gerando duas vertentes a nocional e a filológica.

- Vertente Nocional: deu origem a gramática tradicional, com base filosófica, ainda não possuia preocupação com a língua, pois estudava as relações de som/sentido na linguagem, além de ve-la como uma representação do mundo.

- Vertente filológica: usa a perspectiva normativa, a qual visa a maneira certa/errada de escrever, defendendo a idéia de que um bom texto (escrito de forma correta)é aquele usado na literatura.

Esses vários pontos de vista deverão criar objetos distintos para a investigação linguística.

A esse ponto a linguistica não mais seria identificar a essencia de uma língua, mas apreender o carater de fenomeno humano e social, com relativa mudança na história sendo o principal ponto dessa noção descrever mudanças e descubrir leis subjacentes a elas.

Para Saussure a língua teria o papel de homogeneizar o objeto da linguistica e toná-lo explicativo. Pois a língua é um sistemas de signos, em que o valor de um signo se resulta na presença de outros signos.

Um caracteristica estabelecida por Saussure dada a língua é a sua autonomia, onde a linguística passa a enxergar com seus próprios óculos, atuando em um terreno bastante próprio a si além de influenciar outras ciências sociais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário